“A história da Isadora vai ser encerrada com a verdade”, diz o pai, Rogério Froner Costa

“Eu não desejo que ninguém sinta a dor que a gente sente”, afirmou o pai da jovem, Rogério Froner Costa, 53 anos. Ele que é cirurgião-dentista lembra todos os dias da luta que exerce pela filha, Isadora Viana Costa, 22 anos, que foi morta em maio de 2018, em Santa Catarina pelo então namorado, Paulo Odilon Xisto Filho, 36 anos, Oficial de cartório de registro de Imbituba (SC).

Cirurgião-Dentista, Rogério Froner Costa espera que o julgamento do réu pela morte de sua filha ocorra o mais breve possível

O mês de Agosto tem a campanha “Agosto Lilas’, que representa a conscientização e combate à violência contra a mulher. Junto com essa campanha, familiares e amigos da Isadora tentam virar essa chave contra o feminícidio e que casos como o da Isadora não se repitam.

Isadora foi assassinada no amanhecer de 8 de maio. Paulo alegou que a namorada sofreu lesões provocadas por uma queda, mas o laudo de necropsia comprovou que ela foi agredida em momento em que apenas o casal estaria no apartamento.

A questão do processo é bastante complexa, porque hoje esse assassino que tirou a vida de nossa filha é um dos 10% de feminicidas que aguardam o júri popular em liberdade pela questão de posses dele, ele tem como recursar. Acaba sendo um direito dele os recursos, mas é um direito meu também levar ele pra cadeia, diz Rogério Froner Costa.

Não falta prova sobre o crime, o acusado até esta nas esferas superiores tentando postergar o julgamento, é muito dura essa demora, mas eu não posso me queixar do Ministério Publico e do poder judiciário de Santa Catarina, porque esse rapaz foi indiciado por laudo, não precisou de testemunha.  Inclusive as dissimulações que a defesa tenta falando que foi overdose está tudo no processo, complementa o doutor Froner Costa.

A família diz sofrer muito com a demora, que acaba se tornando um jogo onde o passar do tempo tenta os enfraquecer. O poder judiciário brasileiro é complexo, os recursos são um direito e só tem direito aquela questão a porcentagem de pessoas que tem condição financeira, diz Rogério.

De momento o que esta faltando é baixar o processo na comarca para marcar a data do júri, a família sabe que ainda virá outros questionamentos e recursos o que pode demorar um pouco mais, mas o objetivo é apenas um, ver Paulo Odilon condenado. O acusado pelo crime será julgado por homicídio triplamente qualificado – motivo fútil, recurso que dificultou a defesa da vítima e feminicídio – e também por fraude processual – ele teria alterado a cena do crime.

Quero terminar a história da nossa filha com verdade, como os fatos foram e que um bandido fique na cadeia por muitos anos e que ajude a mudar o pensamento das pessoas, eu sei que é muito complicado, mas tudo vai somar no sentido da gente mudar a cultura machista que homem decide vida de mulher, diz Rogério Froner.

Há três anos, Isadora Viana Costa morreu dentro de um apartamento em Santa Catarina. A família busca por justiça. Foto: Arquivo Pessoal (divulgação)

Lembranças de Isadora

O pai lembra com orgulho os anos de convivência com a filha. “A isadora era uma menina maravilhosa, ela e a irmã gêmea, a Mariana sempre foram de brincar juntas até tarde, claro que com o passar dos anos cada uma foi achando seu grupo de amigos, mas as duas sempre foram próximas”. Junto com a mãe Cibelle Viana Athayde Costa, 51 anos, as comemorações de aniversário das filhas era sempre com a família reunida. No cardápio, não podiam faltar os doce e brigadeiros das avós e o estrogonofe do pai.

Justiça para Isadora e o Agosto Lilas

Uma página no facebook foi criada para pedir justiça por Isadora. Rogério e a esposa relatam que o que eles buscam é que a historia da Isadora termine com honra e respeito pela pessoa que ela foi.

Página no Facebook Justiça por Isadora possui mais de 10 mil seguidores.
Foto: Divulgação/Facebook

Junto com o mês do Agosto Lilas a família sempre tenta participar de campanhas, da forma que podem, da forma correta, pois querem que a justiça seja feita e que a imagem da Isadora seja vista sem coitadismo. Nossa filha foi uma menina muito corajosa, uma mulher muito forte e as mulheres hoje estão sendo julgadas por um machismo muito terrível parece que a coisa piorou de uns tempos pra cá, mas essa campanha é importante pra reforçar, porque a cultura do machismo esta ai e essa interversão é pontual e precisa dessa insistência, diz Rogério.

Inclusive a câmara de vereadores de Santa Maria aprovou algumas leis em nome da Isadora, uma delas diz que no mês das mulheres as escolas municipais vão estudar a Lei Maria da Penha da violência contra a mulher, essa cultura dentro da educação é essencial e precisa fazer o machismo acabar.

A família espera por justiça, e de acordo com a advogada da família da Isadora, Daniela Felix, todos os familiares seguem em luto nestes três anos, mas com total confiança na Justiça.

Já a defesa nega o crime. A perícia indicou que Isadora foi morta após múltiplas agressões no abdômen. O resultado é contestado pelo advogado Aury Celso Lima Lopes Júnior, que defende Paulo Odilon.

“Não existiram as lesões apontadas no laudo inicial, que contêm falhas gravíssimas, como ficou comprovado pelas demais perícias realizadas pelos mais qualificados médicos-legistas do país. Isadora, infelizmente, foi vítima de overdose, ingestão excessiva de cocaína compactada. Nunca sofreu qualquer tipo de agressão”, diz a defesa, em nota.

**Central de Jornalismo 102.7

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