A segunda tentativa no ano de deflagrar uma greve dos caminhoneiros teve baixa adesão. Alguns veículos estão parados em trevos de grandes cidades gaúchas, mas não há bloqueios nas rodovias e, próximo ao meio-dia desta segunda-feira (26), a paralisação dava mostras de ser pequena. A principal reivindicação dos transportadores de carga é a redução no preço dos combustíveis.
Conforme o Ministério da Infraestrutura e a Polícia Rodoviária Federal (PRF), todas as rodovias federais, concedidas ou sob administração do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), encontram-se com o livre fluxo de veículos. Contribuiu para isso ação inibitória da PRF, que tentou evitar aglomerações às margens de estradas e removeu faixas de apoio à greve em seis Estados (incluindo o Rio Grande do Sul).
Conforme informação do governo federal, o volume de ocorrências é três vezes menor do que o registrado no mesmo período do dia 1º de fevereiro de 2021, data da última tentativa de mobilização dos caminhoneiros. GZH falou com alguns dos líderes da paralisação, que apontam alguns fatores para a baixa adesão ao movimento, mas falam em reforçar a paralisação ao longo da semana.
— Os motoristas de empresas não aderiram, do contrário o movimento seria maior. Mas pode ser que a gente consiga mais mobilização ao longo da semana — comenta Carlos Alberto Litti Dahmer, um dos maiores incentivadores da greve, que está concentrado com algumas dezenas de caminhões num trevo da BR-285, em Ijuí.
Já em Rio Grande não aconteceu paralisação, admite Dieck Senna, que congrega cerca de 500 caminhoneiros autônomos da região (sem ligação com entidade).
— Vamos ver como fica ao longo da semana. Razões não nos faltam para parar.
Soledade, outro ponto que concentrou centenas de caminhões parados em 2018 (na última grande greve da categoria), amanheceu nesta segunda-feira sem greve, admite Felipe Corneli, líder de motoristas autônomos daquela região.
De forma discreta, lideranças da greve admitem que o fato de os motoristas de empresas não aderirem é decisivo para diminuir a intensidade do movimento paredista. Outro fator é que apenas algumas das grandes entidades nacionais dos autônomos endossaram a paralisação. É o caso do Conselho Nacional de Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), que convocou a greve, que conta com apoio também da Associação Nacional de Transporte no Brasil (ANTB) e do Movimento Galera da Boleia da Normatização Pró-Caminhoneiro (GNB).
Mas a entidade responsável pela deflagração da greve de 2018, a Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), se posicionou contra, o que esfriou o impulso grevista. A Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), a Confederação Nacional dos Caminhoneiros e Transportadores Autônomos de Bens e Cargas (Conftac) e a Federação dos Caminhoneiros do Rio Grande do Sul também se manifestaram contra a paralisação. Com isso, as estradas seguem com trânsito normal.
Informações: GZH