O governador de São Paulo,
João Doria (PSDB), criticou nesta quinta-feira (3) a previsão do Ministério da Saúde de começar a vacinação contra o
novo coronavírus em março e voltou a prometer que o estado começará a imunização com a
Coronavac em janeiro.
"Quero reafirmar que em São Paulo, de forma responsável, seguindo e observado rigorosamente a lei, no próximo mês de janeiro, cumprindo o protocolo com a Anvisa e obedecendo aos princípios de proteção à vida, vamos iniciar a imunização dos brasileiros", disse.
Em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, o governador chamou de “indiferença e falta compaixão” com a vida dos brasileiros o prazo estimado pelo governo federal para o início da imunização.
“Vamos perder mais 60 mil vidas? Deixar que mais 60 mil brasileiros morram para daí iniciar a imunização?”, indagou. Doria também cobrou "juízo e competência" do Ministério da Saúde para que a Coronavac seja disponibilizada por meio do Programa Nacional de Imunizações.
"Se o Ministério da Saúde tiver juízo, competência e a visão de que a vacina deve ser para todos os brasileiros, poderá oferecer também a outros estados a vacina Coronavac, a vacina do [Instituto] Butantã, para imunizar brasileiros de outros estados do país", afirmou Doria.
O governador também voltou a afirmar que o estado receberá até a 1ª quinzena de janeiro 46 milhões de doses do imunizante contra o novo coronavírus produzidas na China pela farmacêutica Sinovac Biotech em parceria com o Instituto Butantan.
Ele disse ainda que mesmo com a piora nos indicadores de casos e internações por Covid-19 no estado, não há perspectiva para um lockdown.
"Não há perspectiva de fazermos lockdown aqui em São Paulo pois destrói empregos e a economia, penalizando justamente os mais pobres em uma sociedade desigual como a nossa", afirmou.
"Também repudiamos o populismo dos que defendem que nenhum tipo de restrição deva ser feito, levando à morte dos mais frágeis, mais idosos, mais vulneráveis", completou.
Resultado de estudo clínico
Na mesma entrevista o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou que os resultados do estudo clínico de fase 3 da vacina realizados no país serão apresentados nas próximas duas semanas.
“Nesta caminhada, teremos até o dia 15 a apresentação dos resultados de eficácia do estudo clínico que o Butantan patrocina em 16 centros brasileiros”, disse.
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Sobre o mesmo assunto, o médico João Gabbardo, secretário-executivo do comitê de contenção do coronavírus de São Paulo, disse que “no seu entendimento, no momento que o Butantan entregar os resultados da fase 3, a vacina estará técnica e formalmente apta para ser utilizada em caráter emergencial”.
“No meu entendimento, todas as colocações anunciadas pelo Ministério da Saúde para que uma vacina preencha os requisitos para uso emergencial estarão cumpridas pela vacina do Butantan”, disse.
O governo paulista prometeu ainda que apresentará na segunda-feira (7) o Plano Estadual de Imunização.
"Os detalhes trarão dados sobre cronograma, setores priorizados, volume de vacinas, regiões, áreas, logística, segurança e todos os processos. Nós já temos o PEI pronto há mais de 20 dias", disse o secretário da Saúde, Jean Gorinchteyn.
FONTE:CNN BRASIL