Em protesto ao depoimento do ex-prefeito de Santa Maria, Cezar Schirmer, familiares das vítimas e sobreviventes da tragédia da Boate Kiss deixaram o plenário do júri do Foro Central, de Porto Alegre, nesta quarta. Schirmer é o primeiro depoente desta quarta-feira, data que marca o oitavo dia do julgamento. Após a manifestação, a sessão foi interrompida por alguns minutos.
Em seu depoimento, o ex-chefe do Executivo se limitou a dizer que "houve um incêndio e a prefeitura não tem nenhuma responsabilidade sobre esse assunto”. A avaliação dos familiares é de que a testemunha está aproveitando para se promover politicamente com o júri.
A oitiva de Schirmer era uma das mais aguardadas no julgamento. O ex-prefeito disse que ficou sabendo do incêndio por volta das 3h45min ou 4h da manhã daquele dia. Ele estava em casa dormindo com a esposa. “Quando eu cheguei lá havia muita tristeza”, disse.
O depoente afirmou que a gestão municipal de Santa Maria não fez nada para contribuir com o incêndio na Boate Kiss. Por várias vezes, Schirmer criticou o andamento do inquérito contra ele após a tragédia. “Desde o começo eu ouço insinuações de que deveria estar aqui, não como testemunha, mas como réu. Não fiz nada!”, exclamou.
À época dos fatos, a investigação concluiu que o ex-prefeito estava entre os 28 responsáveis pelo incêndio que matou 242 pessoas na casa noturna. O inquérito contra o ex-prefeito foi arquivado pelo Ministério Público em 2016. No entanto, Schirmer continuou a fazer críticas sobre o processo, que definiu de "aberração jurídica", afirmando que “era notável é notória a má vontade da polícia”.
Em outro momento, Schirmer disse que nunca quis dar entrevistas sobre a tragédia. "Imaginem: a cidade em uma tragédia como aquela e o prefeito começar a debater com policiais, bombeiros, promotores, jornalistas…” explicou, afirmando estar feliz por, hoje, “falar livremente” sobre o caso.
*Com informações do Jornal Correio do Povo