Estão proibidas no Rio Grande do Sul festas religiosas e desfiles de blocos de carnaval. A informação foi divulgada pelo governador Eduardo Leite, durante live nesta quinta-feira (28), em que eles também explicaram como está a situação do enfrentamento à Covid-19 no Rio Grande do Sul e anunciaram um novo método de pesquisa sobre a doença. Mais cedo a Prefeitura de Porto Alegre também anunciou que o carnaval não terá ponto facultativo.
Ao comentar os números da pandemia no Estado, o governador falou sobre as vacinas e o recebimento de pacientes de outras regiões do Brasil. Eduardo Leite destacou a melhora nos números do Rio Grande do Sul em relação a outros Estados, mas pediu cautela. “Estamos observando a redução de internações, mas ainda há um número maior do que tínhamos em outubro e estamos no mesmo patamar do que tínhamos no inverno do ano passado”, alertou.
Além do governador, participaram da live a secretária da Saúde do Estado, Arita Bergmann, e o secretário de Inovação, Ciência e Tecnologia, Luís Lamb.
Festividades
O governador falou sobre as comemorações religiosas de Navegantes e Iemangá, em 2 de fevereiro, e de carnaval, que geram aglomerações. “A manifestação individual merece todo nosso respeito”, disse Leite. “Mas eventos, aglomerações, não podem ser admitidos, devido aos riscos sanitários, risco à saúde coletiva, e pedimos a consciência de todos que não desafiem essas normas”, afirmou Leite durante a live. “E já projetando o carnaval que se avizinha, é a mesma coisa”, concluiu.
Três blocos e trio elétrico animam multidão no Circuito Cidade Baixa-Praça Garibaldi em 2020. (Foto: Anselmo Cunha/PMPA)
Em Porto Alegre, o prefeito Sebastião Melo anunciou na manhã desta quinta que a cidade não terá as programações regulares envolvendo o calendário dos blocos de rua, assim como já definido para o desfile competitivo das escolas de samba. Melo anunciou ainda que a prefeitura não fará ponto facultativo previsto para fevereiro, mantendo expediente regular na segunda-feira (15), e na quarta-feira de Cinzas (17).
“Estamos trabalhando por uma reabertura com responsabilidade, no equilíbrio entre medidas de saúde pública e recuperação da economia. As aglomerações precisam ser controladas para mantermos a retomada”, disse Melo.
“Nossa contribuição para a saúde pública é segurar o evento. Perdemos muitas vidas, sendo difícil fazer qualquer festa comemorativa enquanto não temos vacina para todos”, afirmou o presidente da Uespa (União das Escolas de Samba de Porto Alegre), Rodrigo Costa.
Estudo sobre coronavírus
A pesquisa que busca estimar o número de pessoas que já contraíram o coronavírus no Rio Grande do Sul terá mais duas etapas, confirmou o governador Eduardo Leite. A primeira será realizada entre 5 e 8 de fevereiro e traz um diferencial em relação às anteriores: a inclusão de um novo teste de anticorpos para a Covid-19, ao lado dos testes rápidos e entrevistas que já fazem parte dos procedimentos de coleta de dados do estudo.
A decisão de incluir o método de testagem desenvolvido pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) baseia-se numa maior precisão do exame para identificar a presença de anticorpos para a Covid-19, especialmente em casos de infecções mais antigas. Em um estudo comparativo realizado pelos pesquisadores da UFPel (Universidade Federal de Pelotas), o teste batizado de S-UFRJ apresentou alta sensibilidade e estabilidade – em torno de 92% – para detectar anticorpos mesmo após cinco meses da infecção.
O funcionamento da pesquisa segue o mesmo: entrevistadores coordenados pelo IPO (Instituto de Pesquisa e Opinião) visitam as casas de 4,5 mil famílias em nove cidades gaúchas (Canoas, Caxias do Sul, Ijuí, Pelotas, Passo Fundo, Porto Alegre, Santa Cruz do Sul, Santa Maria e Uruguaiana) para convidar os moradores a realizar os testes e responder a um breve questionário sobre ocorrência de sintomas e acesso a serviços de saúde.
Quase nada muda para quem participa. A partir de um único furo na ponta do dedo do participante, os entrevistadores coletam as amostras tanto para o teste rápido quanto para o novo. No caso do S-UFRJ, três gotas da amostra sanguínea são depositadas em sequência em uma fita de papel filtro. Após absorção e secagem (cerca de 15 minutos), o material é acondicionado em sacos plásticos vedáveis e encaminhado para análise pelo Laboratório de Vacinologia do Núcleo de Biotecnologia da UFPel. O tempo para processamento dos resultados é de uma semana. Para o teste rápido, uma gota da amostra é colocada no aparelho do exame, que faz a leitura em aproximadamente 15 minutos.
O Epicovid19, único estudo populacional sobre coronavírus no mundo a realizar oito fases de acompanhamentos com a população das mesmas cidades, é coordenado pela UFPel e pelo governo do Estado. O objetivo é estimar o percentual de gaúchos infectados pela Covid-19; a velocidade de expansão da infecção; ter indicadores precisos para cálculos da letalidade e percentual de infecções assintomáticas ou subclínicas. O estudo terá mais uma etapa em abril.
FONTE: O SUL