O Ministério da Saúde autorizou oficialmente a vacinação de adolescentes de 12 a 17 anos, sem comorbidades, em todo o país, a partir do dia 15 de setembro. A autorização está na Nota Técnica 36/2021, publicada na noite de quinta-feira, 2 de setembro, e assinada pela secretária extraordinária de enfrentamento à Covid-19 da pasta, Rosana Leite de Melo. O documento, de quatro páginas, informa que as doses das vacinas da Pfizer (a única autorizada pela Anvisa para este público) específicas para os adolescentes serão incluídas nas pautas de distribuição aos estados a partir do dia 15.
“O Ministério da Saúde, amparado também pelas discussões realizadas na Câmara Técnica Assessora em Imunização e Doenças Transmissíveis, opta por recomendar a ampliação da oferta da vacinação contra a Covid-19 para a população de 12 a 17 anos, sem comorbidades, a partir de 15 de setembro de 2021 e exclusivamente com o imunizante Comirnaty do fabricante Pfizer/Wieth”, diz a nota.
A medida está sendo comemorada pelos gestores municipais no RS. Até esta sexta-feira, o Estado estava entre o grupo cada vez mais restrito de unidades da federação (apenas nove) que ainda aguardavam pelo posicionamento oficial do ministério para dar início a vacinação de adolescentes sem comorbidades e a demora começava a tensionar as relações entre municípios e o Estado. “Finalmente, com o cronograma de vacinação dos adolescentes definido, os municípios já começarão a deixar as estratégias de vacinação organizadas, para assim que chegarem as doses realizarem grandes mutirões de vacinação a este público”, assinalou, na manhã desta sexta-feira, o presidente do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do RS (Cosems) e vice-presidente da região Sul do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), Maicon Lemos. À frente dos conselhos, Lemos, que também é secretário de Saúde em Canoas, foi, no RS, um dos mais empenhados articuladores no sentido de pressionar o ministério para oficializar a autorização.
Agora, a expectativa é sobre se a autorização pode antecipar o início da imunização em pelo menos parte das cidades gaúchas para ainda antes do dia 15. Conforme dados do Cosems, 209 dos 497 municípios, entre eles a Capital, Porto Alegre, têm doses da Pfizer para aplicar ou em toda ou em pelo menos uma parte da população de 17 anos. Mas as outras 288 não, e o RS havia entrado em setembro com um impasse. Parte significativa dos prefeitos e gestores municipais de saúde queria avançar na imunização por faixa etária. O governo do Estado seguia insistindo em aguardar por uma autorização expressa do Ministério da Saúde. E os últimos lotes destinados ao RS eram todos de segundas doses.
Além de Lemos, o secretário de Saúde de Porto Alegre, Mauro Sparta, e o diretor da Vigilância em Saúde, Fernando Ritter, vinham defendendo internamente a progressão da imunização para o público adolescente sem comorbidades. Nesta semana, Sparta avisou a secretária estadual, Arita Bergmann, de que a Capital avançaria tão logo recebesse mais primeiras doses do imunizante da Pfizer. A vizinha São Leopoldo, no Vale dos Sinos, havia ido mais longe. No último dia 31, tinha se tornado uma exceção em solo gaúcho, ao começar a vacinar o público de 17 anos até o esgotamento das primeiras doses com possibilidade de uso.
Apesar da insistência de administrações municipais, o Estado havia sinalizado com a possibilidade de seguir outro caminho, priorizando as doses de reforço. Na reunião de quarta-feira da Comissão Intergestores Bipartite (CIB), que congrega representantes do Estado e das cidades, a Secretaria Estadual da Saúde (SES) manifestou interesse em começar a aplicar a dose de reforço em idosos e imunossuprimidos com o saldo das primeiras doses de Pfizer dos municípios que as possuíam, antes mesmo da data já estabelecida pelo Ministério da Saúde (também 15 de setembro), e antes de avançar para os adolescentes. A sugestão foi rejeitada.
Questionado sobre a possibilidade na noite de quarta, o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), foi taxativo. “Assim que chegarem primeiras doses, pretendo reduzir a faixa etária conforme está na bula. Está decidido já. Somos parceiros do governo do Estado, mas teremos autonomia.”
O prefeito de São Leopoldo, Ary Vanazzi (PT), por sua vez, tornou públicas críticas que aliados só vocalizavam nos bastidores. “Nosso entendimento é de que o governo estadual deveria fazer uma pressão maior: por mais doses e por maior agilidade na distribuição; mostrar mais empenho.” Segundo ele, a preocupação nos municípios é forte e ocorre em função de três fatores principais: a grande demanda da população pela retomada do convívio social; as incertezas sobre os diferentes cenários projetados a respeito da disseminação da nova cepa; e o fato de que uma parcela da população que já poderia estar imunizada não foi até agora buscar a aplicação.
Informações e foto destaque: Correio do Povo