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Sergio Moro anuncia demissão do Ministério da Justiça e deixa o governo Bolsonaro

  • Daniel de Assis
  • 24/04/2020
O ministro da Justiça, Sergio Moro, anunciou em coletiva de imprensa na manhã desta sexta-feira, 24, sua demissão. A saída do ex-juiz acontece após o presidente da República, Jair Bolsonaro, exonerar o diretor-geral da Polícia Federal Maurício Valeixo que havia sido indicado por Moro ao cargo.
Em sua justificativa, Moro alegou interferência política de Bolsonaro, e destacou que: “O grande problema é que haveria violação do compromisso de que eu teria carta branca. Além disso, não haveria causa para substituição e estaria claro que haveria interferência política na Polícia Federal, o que gera abalo de credibilidade. Ia ter impacto também na própria efetividade da PF, ia gerar uma desorganização”. O agora ex-ministro completou dizendo que: “A autonomia da PF, como respeito da aplicação da lei, seja a quem for, é um valor fundamental que temos que preservar em Estado de Direito. É algo que eu não entendi apropriado”.
Ele informou ainda que tentou buscar alternativas para evitar uma crise política em meio à pandemia do novo coronavírus, mas disse que ‘não poderia deixar de lado o Estado de Direito’. “Esse ultimato sinaliza que o presidente me quer fora do cargo, essa precipitação na exoneração, não vejo justificativa”.
Sobre a saída oficial de Valeixo, Moro afirmou que ficou sabendo através do Diário Oficial da União. “A exoneração, eu fiquei sabendo pelo Diário Oficial, em nenhum momento foi trazido para mim e em nenhum momento o diretor da PF apresentou pedido de exoneração. Fui surpreendido, achei que foi ofensivo”.
Sérgio Moro finalizou sua coletiva de imprensa informado que começaria a empacotar as coisas e encaminhar a carta de demissão. Segundo Moro não tem como persistir com o compromisso [de continuar no cargo] sem que ele tenha plenas condições de trabalhar, sem condição de autonomia da Polícia Federal ou sendo forçado a sinalizar uma concordância com uma interferência política na PF cujo resultado são imprevisíveis.

Foto destaque : Isaac Amorim/ Ministério da Justiça
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